Cursos e Eventos

V Simpósio Antigos e Modernos - UFPR: "Os Fins da Crítica"

Principal | Comissão | Programação | Inscrições | Resumos | Contato

Resumos

13/12/2011 (3ª feira)

Prof. Dr. Pedro Paulo A. Funari (UNICAMP)

Antiguidade e Modernidade: considerações epistemológicas

Nas últimas décadas, tem havido uma discussão sobre a produção do conhecimento, a partir das situações, circunstâncias e realidades contemporâneas, que conformam as percepções sobre o passado. Por um lado, desenvolveu-se o conceito de recepção dos antigos, em paralelo ao conceito de intertextualidade dos estudos literários. Por outro, explorou-se os usos do passado, a partir da observação de que momentos diferentes usaram o passado para fins e objetivos em contextos contemporâneos concretos. Mais do nunca, portanto, modernidade e antiguidade têm se mostrado relacionados.

14/12/2011 (4ª feira)

Prof. Dr. Tarso de Melo (FACAMP)

A crítica de que a poesia precisa (e vice-versa?)

A exposição tratará de alguns aspectos atuais do debate sobre crítica de poesia, a partir de uma perspectiva pouco comum, que é a do papel da crítica no processo criativo do poeta, a partir da experiência de um poeta brasileiro no início do séc. 21. A reflexão não se limita a questões puramente literárias, mas investiga também o sentido crítico que a poesia pode exercer com relação às visões de mundo hegemônicas, uma vez que a criação poética se assuma como processo crítico e autocrítico.

Profª Drª Ana Maria Burmester (DEHIS/UFPR)

A modernidade no passado?

Em seu texto "Teses sobre o conceito de História", Walter Benjamin propõe uma critica radical 'a modernidade européia  dos anos 30/40 do século XX. Como o Anjo da Historia, desejoso de parar o tempo e olhar para o passado, Benjamin constrói a critica da modernidade refutando a ideia de progresso e de um tempo linear.

Prof. Dr. Angelo José da Silva (DECISO/UFPR)

Ensaiando a crítica com Vilém Flusser: a técnica, a modernidade e a crise da realidade

A partir dos trabalhos de Vilém Flusser Filosofia da caixa preta e O universo das imagens técnicas, vamos estabelecer um diálogo com os temas da modernidade, da crise e do pensamento crítico, buscando questões relevantes para a superação dos limites impostos pela escrita linear e seus derivados no campo da política, da sociologia e outras formas mais ou menos acadêmicas de apreensão da assim chamada realidade.

Profª Ms. Sandra M. Stroparo (DLLCV/UFPR)

Mallarmé e os antimodernos

Hoje completamente incorporado pela crítica, embora nem sempre muito lido ou compreendido, Mallarmé é um dos cânones indiscutíveis da modernidade. Durante sua vida, entretanto, ele não teve a oportunidade de suspeitar disso, pois apesar de alguma repercussão positiva e alguns seguidores devotos, a crítica negativa a sua obra se construiu, simultaneamente, com aspectos de recusa e negação. Entre a crítica feita ao poeta no século XIX e a que se firmou ao longo do século XX, é possível fazer um levantamento muito claro não só da mudança de opiniões, mas principalmente de perspectivas estéticas específicas.

Prof. Dr. Vinicius Berlendis de Figueiredo (DEFI/UFPR)

Antigos x modernos, tradição e ruptura: dois lados da crítica

A "querela dos Antigos e Modernos", iniciada com o humanismo de Petrarca (1304-1374), tem seus parâmetros fixados na França no fim do século XVI.  Nos Ensaios (1580-1595), redigidos em língua vernacular, Montaigne faz das fontes clássicas o pano de fundo sob o qual o Eu moderno entra em cena. O enredo segue com a fundação da Academia por Richelieu, em 1635, sob o intuito de substituir o latim pelo francês como língua universal. Forma-se um novo público, constituído de honnêtes gens a quem Descartes dirige seu Discours de la méthode, em 1637. Será este novo público, eminentemente parisiense, e não mais o público internacional de doutos, que irá operar, no dizer de M. Fumaroli, o "tribunal internacional dos livros" - ou seja, definir o gosto e exercer o crivo da crítica. É sobre este solo comum que irão opor-se os partidários dos antigos e dos modernos no curso do século XVII francês. O que dá ideia da hipótese que se quer seguir nesta comunicação: a de que a contenda entre antigos e modernos, ao invés de opor "tradição" e "crítica", é antes a expressão de uma cisão interna à crítica, cuja eficácia admite tanto o partido da ruptura, quanto o partido da tradição.

Profª Drª Sarah Diva da Silva Ipiranga (Faculdade de Letras/UECE)

O pensamento crítico de Araripe Jr.: natureza e narrativa

Araripe Júnior, crítico cearense que integrou a geração de 1870 juntamente com Sílvio Romero e José Veríssimo, tem na sua obra disseminados e reelaborados conceitos que formaram a idéia de nacionalidade na literatura brasileira nos séculos XVIII e XIX: estilo, influência, fonte. Sua nota distintiva é a apropriação que faz desses conceitos, de base europeizante, dentro de uma perspectiva ‘tropicalizada’, nacional, com ênfase positiva na alteridade da insurgente nação. Sua obra, hoje obnubilada pela compreensão equivocada da força dos elementos naturais (clima, vegetação) na composição da sua teoria, antecipa, entretanto, noções que só viriam à tona no século XX: o entre-lugar da literatura brasileira, os desvios estilísticos na composição das narrativas, a imagem construída pela alteridade como forma identitária etc. Assim, há mais de cem anos, problematizou questões essenciais para a formação da nossa literatura, invertendo conceitos eurocêntricos, ao destacar a influência, num contra-fluxo às idéias colonialistas, do imaginário tropical que aciona e engendra narrativas. Seu pensamento crítico, portanto, ainda se reveste de atualidade, pois o texto literário, no seu processo contínuo de transformação, reelabora ficcionalmente a relação com a natureza (A ostra e o vento, de Moacir Costa Lopes, “A menor mulher do mundo”, de Clarice Lispector, por exemplo), tornando esse espaço imbricado ainda uma fonte constante de discussão e análise.

Prof. Dr. Roosevelt da Rocha Junior (DLLCV/UFPR)

O poeta é o melhor crítico: Píndaro e seus predecessores

Em algumas passagens de seus epinícios e fragmentos, Píndaro faz comentários sobre a obra de alguns de seus predecessores, como Homero, Arquíloco e Simônides, e tece críticas a certas versões de mitos com as quais ele não concorda. Nesta breve intervenção examinarei algumas destas passagens com a intenção de explicitar os procedimentos utilizados pelo poeta para fazer essas críticas e para tentar entender o que ele pretendia ao fazer isso. Ao tocar nessa questão, veremos que Píndaro viveu num momento em que a Grécia Antiga passava pela transição de uma cultura da oralidade para uma cultura da escrita e essa situação, certamente, influenciou o modo de composição do poeta e o modo como ele se relacionava com a tradição. Será possível notar também que Píndaro ocupa uma posição importante dentro da história do pensamento grego, na medida em que se coloca como crítico e reformador da tradição mítica transmitida pelos seus predecessores.

Profª Drª Patrícia da Silva Cardoso (DLLCV/UFPR)

A narrativa em fragmentos no Livro do desassossego

Entre os elementos que, para fins historiográficos, compõem a experiência literária moderna, está a valorização do registro fragmentário, um procedimento que, para o que aqui nos interessa, visa sublinhar a complexidade do mundo a ser abarcado pelo discurso e igualmente a validade da perspectiva individual – parcial, provisória e fragmentariamente constituída – para todo exercício de conhecimento e reflexão. Na literatura em língua portuguesa Fernando Pessoa é dos autores que mais intensamente se servem do princípio do fragmento, a começar pela criação dos heterônimos, os personagens cujas vozes, sempre em contradição umas com as outras e consigo mesmas, apontam para a dificuldade de se reduzir a um conjunto uniforme a experiência humana, coletiva e individualmente considerada. Já no Livro do desassossego o uso do fragmento interessa pelo grau de tensionamento a que é submetido, considerando-se que Pessoa jamais chegou a definir a ordem dos fragmentos que comporiam o livro, o que faz de cada uma das edições uma possibilidade entre possibilidades de encadeamento de um pensamento – o de Bernardo Soares, o autor daquela “autobiografia sem fatos” – natural e voluntariamente esgarçado, fadado a ser a “encarnação da provisoriedade”. Se, no que diz respeito ao plano do discurso, sem maiores dificuldades se chega à conclusão de que O livro do desassossego funciona como metáfora da própria experiência moderna, criticamente falando, como lidar com a diversidade de perspectivas que orientou e orienta cada edição da obra?

Prof. Dr Rafael Faraco Benthien (Doutor pelo Programa de História Social da Universidade de São Paulo)

Árvore da Ciência: quando a literatura criticou as ciências sociais (França, 1906)

A presente comunicação trata das críticas que o romance "L'Arbre de Science", escrito em 1906 por Maurice Maindron, um entomologista convertido em escritor, endereça às reformas universitárias e à sociologia então nascente, em particular aquela que se desenvolvia em torno de Émile Durkheim. Tratar-se-á de mostrar aqui em que termos essa crítica é formulada, cruzando-a com dados relativos à trajetória do autor e ao cenário letrado do período.

15/12/2011 (5ª feira)

Prof. Dr. Pedro Ipiranga Júnior (DLLCV/UFPR)

O estatuto da prosa literária como crítica à poesia e às artes plásticas: comentários sobre Luciano e Filóstrato

Desde os séculos V e IV a.C., autores, como Platão e Isócrates, dirigem suas críticas ao fazer poético e, ao mesmo tempo, constróem, em maior ou menor medida, uma delimitação para a escrita em prosa em que os mesmos estava engajados. Nos séculos II e III d.C., autores, como Luciano de Samósata e Filóstrato, em suas experimentações no campo de uma prosa literária, promovem uma crítica à poesia e às artes plásticas no intuito de definirem um parâmetro de avaliação e de definição para o discurso romanesco que então se constituía. O que proponho, neste trabalho, é verificar em que base e sob que parâmetros essa crítica é realizada, assim como balizar a constituição da prosa romanesca na Antiguidade na obra desses dois escritores.

Profª Drª Stephanie D. Batista (DEHIS/UFPR)

Minando um sistema: a arte acadêmica e a crítica de arte no século XIX

A crítica modernista consolidada desde as vanguardas do século XX estabeleceu a distinção ideológica entre os movimentos modernos e a arte acadêmica oitocentista na França, impelindo um olhar sem preconceito diante do outro estético do século XIX. A perspectiva modernista está recentemente destronada em favor do que poderia ser chamado de reconstrução pós-moderna do século XIX apontando dinâmicas hetereogênas e inovadoras entre arte acadêmica e a crítica de arte. Esta palestra no Simposio Antigos e Modernos abordará como a arte acadêmica e a crítica de arte entre os anos 1840 até 1880 provocaram, primeiramente, o deslocamento, a diluição e, finalmente, o desaparecimento das fronteiras dos diferentes gêneros da pintura. Esse processo se deu por meio de um gênero híbrido, o chamado gênero histórico anedótico, que foi avaliado pelas críticas dos Salões por sua verossimilhança consequente da representação e da conformidade detalhada com a realidade histórica e contemporânea nos vieses de uma narração sentimental, nostálgica e sensual. Propõe-se uma reflexão sobre a força transformadora da arte acadêmica e sua crítica que gera a própria crise do sistema acadêmico e seus instrumentos categóricos e avaliativos.

Prof. Dr. Bernardo Guadalupe Brandão (DLLCV/UFPR)

A Crítica Aristotélica da Escola de Chicago

Apesar de se situar nos princípios da crítica literária ocidental, as reflexões de Aristóteles na Poética inspiraram uma importante corrente de estudos na Universidade de Chicago, em meados do século XX. Nessa comunicação gostaria de analisar a apropriação dos conceitos aristotélicos feitas ali, especialmente na obra de Elder Olson, mostrando como foram interpretados em uma perspectiva pluralista e como tais estudos podem ser úteis para a crítica literária no mundo contemporâneo.

Profª Drª Eliane Robert Moraes (FFLCH - USP)

Por uma redefinição do excesso - Literatura, transgressão e perigo

Noção que pertence tanto ao domínio da filosofia quanto ao da literatura, o excesso carece de definição precisa, supondo menos um conteúdo específico do que uma operação simbólica. Experiência da vertigem, do desregramento ou da dilapidação, a escrita que lhe corresponde implica não só o primado da hipérbole, mas também a subversão de paradigmas. Daí que, no mundo moderno, o excesso literário se vincule à transgressão, fazendo do texto um meio privilegiado de conhecimento dos territórios em que o sujeito perde seus limites. Daí igualmente o interesse dos modernistas por um autor como Sade, já que uma das linhas de força da literatura vanguardista visa a dar palavra ao interdito, ao que foi expulso da memória individual ou coletiva e resta como excedente ou lixo. Ora, uma das tarefas fundamentais da crítica contemporânea talvez seja interrogar uma tal noção na atualidade, quando a prática da transgressão parece ter sido normalizada pelo mercado, neutralizando a vocação subversiva que se atribuía ao excesso nas primeiras décadas do século XX.
Atualizações | Mapa do site
Voltar | Topo