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III Simpósio Antigos e Modernos - UFPR: “Todos os sexos: questões de gêneros”

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Resumos: Índice

SEGUNDA-FEIRA (23/11)

Representações de monstros, figuras humanas e deuses na Grécia antiga
Prof. Dr. Ezio Pellizer (Universidade de Trieste/Itália)

Dias 24, 25, 26 (19h-21h)

Minicurso: História romana e cinema: uma reflexão sobre gênero e sexualidade
Profª Drª Lourdes Conde Feitosa (Universidade Sagrado Coração- Bauru/SP)
Profª Drª Renata Senna Garraffoni (DEHIS/UFPR)

TERÇA-FEIRA (24/11)

Sexualidade e Diferença: a autobiografia da Vênus Hotentote
Profª Drª Margareth Rago (UNICAMP)

Acerca da compreensão do prazer em Aristóteles
Profª Drª Inara Zanuzzi (DEFI/UFPR)

Pedro I de Portugal, entre Dido e Ariadne
Profª Drª Patrícia da Silva Cardoso (DLLCV/UFPR)

Corpo e sexualidade em Plotino
Prof. Ms. Bernardo Guadalupe Brandão (DLLC/VUFPR)

Sexualidade feminina e psicanálise
Fernanda Nascimento Baptista (Mestranda em Filosofia da Psicanálise PUC/PR)

A Retórica de Medéia – interseção entre a tragédia de Eurípides e a epístola de Ovídio
Geisa Mueller (Graduanda em Letras-UFPR)

Gênero e religiosidade: o caso de Quartilla
Lorena Pantaleão da Silva (Mestranda em História/UFPR)

Uma imagem feminina nos Jogos Panatenaicos
Camilla Miranda Martins (Graduanda em História/UFPR, bolsista IC CNPq/PIBIC)

QUARTA-FEIRA (25/11)

Travestimento em As tesmoforiantes e Assembleístas ou o que faz de uma mulher uma mulher e de um homem, um homem?
Profª Drª Adriane Duarte (USP)

Cleópatra e César: Lucano, Guerra Civil X
Prof. Dr. Alessandro Rolim de Moura (DLLCV/UFPR)

Orlando e outros aprendizados do corpo
Profª Drª Maria Rita de Assis César (DTPEN/UFPR)

Entre o amor e a guerra: a construção de cenários passionais na Ciropedia
Vinicius Barth (Graduando em Letras/UFPR /bolsista do CNPq)

Crítica Social ou/e Crítica Filosófica: Ambiguidade, gênero e poder no Discurso luciânico
Priscila Buse (Graduanda em Letras/UFPR/bolsista do CNPq)
Cassiana Lopes Stephan (Graduanda em Filosofia/UFPR)

QUINTA-FEIRA (26/11)

Desejo e repulsa: amores (im)possíveis nas Metamorfoses de Ovídio
Prof. Dr. Raimundo Carvalho (UFES)

Dalton Trevisan e o erotismo numa Curitiba perdida
Profª. Drª Anamaria Filizola (DLLCV/UFPR)

Eros, páthos e prazer no discurso: Cícero por Erasmo
Profª. Ms. Irene Cristina Boschiero (UTP)

A Corina Ovidiana de Machado de Assis
Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira (FCLAr/UNESP)

Hipônax e o Sexo
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior (DLLCV/UFPR)

Sade e a dissolução das identidades no erotismo
Daniel Galantin (Graduando em História/bolsista CNPq)

A filha única, o canto, o mar e o salmão: a tragédia de Aino no Kalevala
Vinicius Barth (Graduando em Letras UFPR , bolsista do CNPq)

SEXTA-FEIRA (27/11)

Os Desejos da Nação: intersecções de gênero, raça e sexualidade no Brasil finissecular
Prof. Dr. Richard Miskolci (UFSCAR)

Entre fêmea e macho: santas travestidas na Antigüidade
Prof. Dr. Pedro Ipiranga Júnior (DLLCV/UFPR)

O gênero mais raro (?) na poesia brasileira contemporânea
Profª Ms. Sandra M. Stroparo (DLLCV/UFPR)


Resumos: Caderno de Resumos

Representações de monstros, figuras humanas e deuses na Grécia antiga
Prof. Dr. Ezio Pellizer (Universidade de Trieste/Itália)
SEGUNDA-FEIRA (23/11)

Analisam-se alguns mecanismos para descrever as estruturas básicas do universo, e algumas figuras divinas - as imagem de deuses masculinos e femininos - em termos de analogia com as formas do corpo humano. Gigantismo, dimensões cósmicas, distorções morfológicas, macrocosmo e microcosmo. Posto que as civilizações do Mediterrâneo antigo encontraram diferentes respostas e soluções para o problema de dar forma à idéia da divindade, com representações muito diversificadas, confrontam-se algumas diferentes concepções de cosmo-teísmo (deus sive natura), como a proibição de produzir imagens de divindades.

Minicurso: História romana e cinema: uma reflexão sobre gênero e sexualidade
Profª Drª Lourdes Conde Feitosa (Universidade Sagrado Coração- Bauru/SP)
Profª Drª Renata Senna Garraffoni (DEHIS/UFPR)
Dias 24, 25, 26 (19h-21h)

Nas últimas décadas, as inúmeras reflexões e debates a respeito dos métodos e da escrita da História propiciaram o desenvolvimento de novas propostas para se interpretar a Antigüidade. A partir da prática de questionar as idéias e as certezas, marca de nosso tempo, da análise de construções historiográficas e da influência das discussões contemporâneas sobre as questões de gênero e sexualidade no conhecimento da Antigüidade Romana, a proposta deste curso é estender essas reflexões para outras narrativas históricas, em específico, projeções cinematográficas que retratem o universo romano. A relação entre presente-passado tem sido prática corrente entre os pesquisadores interessados na análise de filmes sobre outros momentos históricos. Desde os anos de 1990, por exemplo, são fortes as investigações cinematográficas inspiradas nos ‘estudos culturais’, que se preocupam em refletir sobre as concepções apresentadas sobre o ‘feminino’, o “masculino”, as representações de diferentes formas de sexualidade, das minorias étnicas ou da projeção de diversos grupos nas imagens. Seguindo essa perspectiva, nesse curso refletiremos a respeito da relação estabelecida entre História e Cinema e de questões de gênero e sexualidade, a partir da série Roma e do documentário - Pompéia: o último dia, confrontando as suas abordagens com documentos arqueológicos da Pompéia romana.

Sexualidade e Diferença: a autobiografia da Vênus Hotentote
Profª Drª Margareth Rago (UNICAMP)
TERÇA-FEIRA (24/11)

Na autobiografia ficcional da Vênus Hotentote, Barbara Chase-Riboud narra a história de vida da africana Sarah Baartman, capturada e levada para exposição em circos, feiras e espetáculos de saltimbancos, na Europa, nos inícios do século XIX. Nesse longo texto, a escritora feminista expõe os mecanismos científicos da racialização do sexo, da sexualização dos corpos e da violência sexual, física e simbólica constitutivas tanto da colonização européia em solo africano ou americano, quanto dos modos de vida instaurados na Modernidade. À luz de Foucault e das teorias feministas, focalizo a escrita de si e do outro como espaço da crítica e como prática da liberdade na constituição da subjetividade.

Acerca da compreensão do prazer em Aristóteles
Profª Drª Inara Zanuzzi (DEFI/UFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

O estudo procurará explorar a análise da noção de prazer desenvolvida por Aristóteles, especialmente nas Éticas, na tentativa de compreender a conexão entre esta noção e o valor ético atribuído a ações e emoções. Certamente Aristóteles não considera que ações e emoções são boas ou más unicamente em razão do prazer que provocam. A questão, no entanto, é saber em que medida e de que maneira a avaliação de algo como prazeroso está associada à avaliação de uma ação ou comportamento como bom ou mau do ponto de vista ético. Algumas distinções se fazem notar no interior da análise aristotélica e que deverão ser abordadas, entre elas a distinção entre prazeres naturais e não naturais e a distinção entre prazeres corporais e não corporais. No estudo procuraremos investigar se essas expressões tem um sentido eticamente relevante e qual é ele.

Pedro I de Portugal, entre Dido e Ariadne
Profª Drª Patrícia da Silva Cardoso (DLLCV/UFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

Na história de Portugal, pontuada por importantes eventos ligados à chamada expansão ultramarina, um episódio destaca-se duplamente, por sua natureza, já que nada tem a ver com a saga marítima em que esteve envolvido o país, e pela notoriedade alcançada por seus protagonistas. Trata-se do relacionamento entre o infante D. Pedro, posteriormente Pedro I, e sua amante, Inês de Castro, cujo assassinato, determinado por razões ainda hoje obscuras, provocou uma violentíssima reação de Pedro. Tal reação, seu posterior empenho na construção dos túmulos-monumentos no interior do mosteiro de Alcobaça – em honra a Inês e ao amor vivido por eles – e, finalmente, o grandioso traslado do corpo de Inês de Coimbra para Alcobaça estão na base da imagem de amantes perfeitos que vem envolvendo esse par nos últimos 600 anos e faz dele um tema literário que há muito ultrapassou as fronteiras portuguesas. Curiosamente, na crônica do reinado de Pedro, Fernão Lopes, o autor, vai buscar em duas personagens da antiguidade, Dido e Ariadne, os modelos para caracterizar o sentimento do soberano por Inês. Nesta comunicação apresentarei algumas hipóteses para tão insólita identificação entre o soberano português e aquelas amantes infelizes.

Corpo e sexualidade em Plotino
Prof. Ms. Bernardo Guadalupe Brandão (DLLC/VUFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

"Plotino, filósofo de nosso tempo, parecia ter vergonha de estar em um corpo". Essa frase, com a qual Porfírio inicia sua Vida de Plotino poderia ser considerada um emblema adequado não apenas do neoplatonismo, mas de toda uma época, chamada por Dodds de Idade da Ansiedade, na qual o sensível era deixado de lado em favor das realidades inteligíveis, o corpo era considerado um inimigo ou, na melhor das hipóteses, um associado traiçoeiro, e a sexualidade era vista como uma força desconhecida e perigosa. Essa perspectiva costuma a ser comparada com a contemporânea, que, por valorizar mais o sensível, possuiría um conhecimento mais e uma maneira mais adequada de lidar com tais realidades. Nessa comunicação, pretendo mostrar que tal idéia é demasiadamente simplista ao analisar as visões plotinianas do corpo e da sexualidade, que não são desvalorizadas e ignoradas, mas sim colocadas em um quadro mais amplo, no qual podem revelar sentidos profundos.

Sexualidade feminina e psicanálise
Fernanda Nascimento Baptista (Mestranda em Filosofia da Psicanálise PUC/PR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

O interesse pelas questões do feminino na teoria psicanalítica nos faz remontar ao próprio surgimento da psicanálise, já que foi amparado no estudo das histéricas que Sigmund Freud inaugurou um novo saber sobre a sexualidade infantil, sobre os processos inconscientes, sobre as neuroses e, de uma forma mais ampliada, sobre a civilização. Podemos dizer que foram aquelas mulheres que colocaram em questão o saber médico de Freud, permanecendo ao longo de sua obra inquieto com uma indagação que continua atual e traz sempre novas reflexões para o avanço da psicanálise. Pretendo com este trabalho fazer alguns apontamentos sobre o surgimento da questão em torno do feminino na psicanálise freudiana.

A Retórica de Medéia – interseção entre a tragédia de Eurípides e a epístola de Ovídio
Geisa Mueller (Graduanda em Letras-UFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

O trabalho pretende analisar comparativamente os procedimentos retóricos presentes nas falas da Medéia de Eurípides e na carta escrita por Ovídio, em que Medéia é remetente de uma missiva destinada a Jasão.

Gênero e religiosidade: o caso de Quartilla
Lorena Pantaleão da Silva (Mestranda em História/UFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)

A proposta desse trabalho se assenta nas questões seguintes: como o aspecto o aspecto religioso é enfocado em obras romanescas e qual sua função; como o discurso religioso interfere na concepção do gênero romanesco na Antiguidade. Na perspectiva de propor um direcionamento para essas questões, vamos utilizar como referencial para nossa análise algumas concepções sobre o fenômeno religioso que relevam de várias obras de Luciano de Samósata, quer nos diálogos, quer nas obras biográficas, quer nas narrativas romanescas. Num tipo de relato biográfico, assinado e em forma epistolar, a intenção de Luciano é, de certo modo, promover uma mímesis (no sentido aqui de uma refiguração crítica) de relatos de bíoi, na qual se encena a ação moral de uma figura que, a exemplo de Peregrino, sincretiza ou justapõe adesão filosófica e crença religiosa. Enquanto em algumas obras luciânicas, a conversão a uma corrente filosófica diz respeito a um páthos no discurso, em obras cristãs romanceadas, a encenação do páthos da escolha religiosa está vinculada a um discurso de caráter testemunhal e que versa, de uma forma ou de outra, sobre prodígios. Dessa forma, tratamos nesse trabalho de delinear a constituição desse páthos do discurso em obras, pagãs e cristãs, em que o aspecto religioso é o traço direcionador e catalisador da narrativa.

Uma imagem feminina nos Jogos Panatenaicos
Camilla Miranda Martins (Graduanda em História/UFPR, bolsista IC CNPq/PIBIC)
TERÇA-FEIRA (24/11)

Na Grécia Antiga o vaso panatenaico possuía a particularidade de ser confeccionado para uma ocasião especial de comemoração cívica, o Festival das Panateneias. Por isso, tem uma estrutura figurativa que permanece ao longo do tempo: em um lado observa-se a imagem da deusa Atena Promachos e as inscrições referentes à festa, e do outro uma temática que varia conforme a competição retratada, podendo ser uma cena de atletismo, hipismo, luta, dentre outros. Sendo esses dois tipos de painéis figurativos recorrentes, o objetivo nessa comunicação é interpretar nas ânforas, do ponto de vista social e cultural, a construção da relação entre a imagem mítica e feminina da deusa guerreira e a representação não mítica de homens competindo. Por fim, o período estudado abrange a época entre 600 a.C. e 500 a.C.

Travestimento em As tesmoforiantes e Assembleístas ou o que faz de uma mulher uma mulher e de um homem, um homem?
Profª Drª Adriane Duarte (USP)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Propõe-se nesta conferência uma leitura de duas cenas de travestimento encontradas em comédias de Aristófanes, ambas situados no prólogo de As tesmoforiantes e de As assembleístas, esta última mais conhecida por Assembleia de Mulheres. A partir da análise dessas passagens, espero verificar quais são os elementos determinantes para a construção da ideia de gênero na Grécia Clássica, ou seja, o que, para além das diferenças anatômicas, faz de uma mulher uma mulher e de um homem, um homem. Trata-se, sobretudo, de determinar a imagem projetada por cada um dos sexos.

Cleópatra e César: Lucano, Guerra Civil X
Prof. Dr. Alessandro Rolim de Moura (DLLCV/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Neste trabalho estudo o tratamento que Lucano dá ao encontro entre Júlio César e Cleópatra no livro X de seu poema épico. O narrador revela ali grande inquietação com o modo como a egípcia se envolve num episódio da história (masculina) de Roma. Procuro mostrar como Cleópatra assume uma posição dominante nessa passagem e explicar como esse poder feminino é visto da perspectiva romana de Lucano. Para tanto, apresento esse trecho da Guerra Civil no contexto da tradição literária que aborda as relações Roma-Egito, especialmente no que se refere a Cleópatra. A atitude de César no trecho acaba por alterar a visão que o narrador tem do general. Discuto que implicações isso tem para o poema como um todo. Nota-se que o conflito entre diferentes modelos de feminilidade e masculinidade encenado nessa passagem está ligado às contradições internas da voz narrativa na sua concepção do papel que Roma deve ter como império.

Duas honestas cortesãs do Renascimento Italiano: Interseções da cultura humanista, da escrita de mulheres e da sexualidade no século XVI
Profª Drª Ana Paula Vosne Martins (DEHIS/Núcleo de Estudos de Gênero/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Esta apresentação trata da produção escrita de duas cortesãs italianas que viveram no século XVI, Tullia D’Aragona e Verônica Franco, notáveis não só por seus atrativos físicos e pelos conhecimentos da arte de amar necessários para o exercício da profissão de cortesã, mas pela inserção de ambas nos círculos da cultura humanista e pela produção poética, epistolar e ensaística à qual se dedicaram . O objetivo não é somente defender a posição política feminista de dar voz e tornar visíveis as mulheres na História, mas sim contribuir para uma compreensão mais plural do passado e interpelar a memória histórica a partir de outras experiências, algumas delas quase que desconhecidas, senão mesmo ausentes desta memória. Neste sentido se propõe uma análise do contexto no qual viveram estas duas escritoras renascentistas; das afinidades entre o mundo dos prazeres e do exercício da sexualidade com a cultura humanista; e por fim das interseções destas diferentes experiências na produção escrita das duas famosas cortesãs italianas.

Orlando e outros aprendizados do corpo
Profª Drª Maria Rita de Assis César (DTPEN/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Este texto explora a ‘biografia’ de Orlando, de Virginia Woolf, com o objetivo de analisar as possibilidades de um corpo que não está demarcado no interior das fronteiras do sistema sexo-gênero. Orlando é apresentado como um jovem fidalgo da corte isabelina que vive metade da sua vida como homem e a outra metade como mulher. Para este diálogo contemporâneo com a obra serão abordados conceitos oriundos das obras de Michel Foucault, especialmente sobre o dispositivo da sexualidade e as abordagens sobre a invenção da homossexualidade. Além das teorizações foucaultianas, também serão realizados diálogos com autores/as como Thomas Laqueur, sobre a criação histórica do dimorfismo sexual e especialmente com Judith Butler, a respeito da crítica ao sistema corpo-sexo-gênero. Butler inspirada por Foucault teoriza sobre os corpos que escapam aos sistemas sexuais normativos denominados pela autora de heteronormatividade. Desse modo, Orlando e outros corpos que escapam aos sistemas estabelecidos pelo dispositivo da sexualidade, em especial transexuais e travestis, poderão ser tomados como corpos que resistem aos sistemas normativos; corpos que produzem outras formas de experiência em relação aos sistemas produtores de subjetividades e que nos traz possibilidades outras de entendimento sobre o corpo e o sexo.

O embate do feminino versus masculino no Apócrifo Atos de Pedro – uma questão axiológica da literatura cristã nascente
Prof. Elias Santos do Paraizo Junior (CELIN/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Homem e mulher não se rematam entre si, o homem está no supino e a mulher ignóbil; a esta, devido à fraqueza, restou-lhe a posição acessória de granjear apoio do varão (após o século IV da Era Cristã). Mas nem sempre foi assim. Foi a Idade Média que assentou a altercação entre os sexos no cerne da sua reflexão antropológica e deu a categoria do feminino feitio de instrumento conceitual; fruto da Antiguidade Tardia e reflexões patrísticas são as diferenças a favor do masculino na Cristandade. A constituição do feminino, em conceito absorto, marcou o pensamento do Ocidente; nossa herança. Entretanto, o feminino nas primeiras comunidades cristãs era visto de forma diferente, é o que tentaremos mostrar em fragmentos do Atos de Pedro, uma ‘novela cristã’, que circulou nos primeiros séculos e que pretendia edificar, doutrinar e entreter; e a sua interface com outros textos cristãos antigos.

Entre o amor e a guerra: a construção de cenários passionais na Ciropedia
Vinicius Barth (Graduando em Letras/UFPR /bolsista do CNPq)
QUARTA-FEIRA (25/11)

A Ciropedia, texto biográfico do quarto século a.C., apresenta aos seus leitores diversas passagens de caráter ficcional, fazendo com que o texto se aproxime do gênero romanesco e se afaste do que seria chamado propriamente de um texto historiográfico. É sabido que Xenofonte se utiliza de inúmeros recursos retórico-persuasivos de modo a atrair – ou convencer - o seu leitor da Paidéia contida nesta obra. Assim, este trabalho se propõe analisar as figuras dos principais personagens da “Educação de Ciro”, centrando-se , além do próprio Ciro, também em Araspas e Panteia, e o modo como tais inter-relações entre os personagens afetam ou determinam as ações e o enredo concernentes a cada um deles.

Crítica Social ou/e Crítica Filosófica: Ambiguidade, gênero e poder no Discurso luciânico
Priscila Buse (Graduanda em Letras/UFPR/bolsista do CNPq)
Cassiana Lopes Stephan (Graduanda em Filosofia/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)

Tendo em vista a retomada da tradição filosófica platônica e também a crítica da filosofia e do filósofo de seu tempo nas obras “Hermótimo” e “Nigrino”, de autoria de Luciano de Samósata, pretendemos neste artigo analisar a constituição da ambigüidade do discurso de Luciano e da construção da figura masculina do filósofo, tanto no que concerne a esse fazer filosófico, como em relação a uma crítica social. Dessa forma, ao retomar a tradição platônica, concernente à constituição de um mundo idealizado, ele também se utiliza da criação de uma supra-realidade que dialoga com o presente e propõe as suas mudanças na realidade cotidiana. Assim, aparece em “Nigrino” essa pólis idealizada que se constitui da mesma maneira que o Hades luciânico, a partir de um paradigma da tradição passada, mas que é empregado de forma irônica aos ouvintes-leitores, já que Luciano não deixa de zombar dos filósofos, estabelecendo sempre uma crítica ao modo de fazer filosófico.

Desejo e repulsa: amores (im)possíveis nas Metamorfoses de Ovídio
Prof. Dr. Raimundo Carvalho (UFES)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Através da análise de alguns segmentos das Metamorfoses de Ovídio, vamos estudar as práticas e o comportamento amoroso de personagens masculinos e femininos, tendo em vista o seu status social e político, sua condição humana ou divina e a relação entre os gêneros e suas representações culturais e literárias. Procuraremos também fazer um paralelo entre o código elegíaco e as manifestações de desejo e afeto na obra maior de Ovídio, visando a estabelecer uma linha de continuidade na poética do autor. Por fim, mostraremos como Ovídio, através do entrelaçamento de várias histórias de amor, produz uma representação da sociedade romana, da qual não estão afastados o medo, o pânico e a violência que se dá inclusive em forma de espetáculo.

Dalton Trevisan e o erotismo numa Curitiba perdida
Profª. Drª Anamaria Filizola (DLLCV/UFPR)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Este trabalho aborda alguns textos de Dalton Trevisan em que aparece de maneira explícita um discurso erótico. Discurso cujo espaço, para além daquele que lhe é próprio, isto é, o texto, é a cidade de Curitiba: ora referência espacial atemporal (os encontros clandestinos no Passeio Público ou na praça Tiradentes, por exemplo), ora carregada da nostalgia de um tempo pretérito marcado por um erotismo (os lupanares de polacas, os bares, os hotéis).

Eros, páthos e prazer no discurso: Cícero por Erasmo
Profª. Ms. Irene Cristina Boschiero (UTP)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Na esteira dos diálogos de Luciano, em Ciceronianos, Erasmo relata os sofrimentos que acometem as vítimas de uma grave doença : o ciceronianismo. Tal enfermidade , como mostra o bem-humorado autor , caracteriza-se por sintomas muito próximos aos que assolam um apaixonado, cujo objeto de desejo parece cada vez mais inalcançável. Erotizando a relação com a obra do orador romano , os ciceronianos transformam Cícero em musa, ou melhor , elegem a Eloqüência como musa inspiradora e alvo de desejo . No entanto , as conseqüências desse amor não poderiam ser mais paradoxais : Cícero , o mais eloqüente dos romanos , deixa mudos seus apaixonados seguidores do século XVI., o que o torna causa e remédio do mesmo mal.

A Corina Ovidiana de Machado de Assis
Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira (FCLAr/UNESTP)
QUINTA-FEIRA (26/11)

A resposta à pergunta “quem foi Corina?” sempre fascinou os machadianos, que só muito recentemente têm se perguntado “o que foi ‘Versos a Corina’?” Tentando erigir um gesto crítico sobre o influxo da presença clássica na consolidação de uma Literatura Brasileira alvorejante, o presente trabalho propõe investigar reminiscências da tradução dos Amores, de Ovídio, editada no Brasil em 1858 por José Feliciano de Castilho, no poema “Versos a Corina” de Machado de Assis.

Hipônax e o Sexo
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior (DLLCV/UFPR)

QUINTA-FEIRA (26/11)

Um dos temas mais recorrentes na poesia jâmbica de Hipônax de Éfeso é o sexo. Em vários fragmentos desse autor aparecem termos obscenos e descrições de atos sexuais. O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir esses fragmentos de caráter sexual para tentar entender como Hipônax caracteriza o sexo enquanto prática e enquanto objeto de riso e escárnio.

Janelas da hombridade: As masculinidades em Curitiba no início do século XX vistas através das fotografias
Fernando Botton (Graduando em História/UFPR/ bolsista PET)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Pretendemos comentar algumas nuances do processo de modernização brasileiro e sobre as transformações nos modelos de masculinidade da época. A tese aqui levantada é de que juntamente com o processo de modernização emergiram novos modelos de conceber e atuar a masculinidade. Para realizar esta discussão nos utilizaremos de uma análise pautada em fontes fotográficas. Isso nos permitirá perceber que no início do século XX houve uma transformação nos estilos de masculinidades, junto das “novidades” da modernização curitibana também emergiram “novidades” nas masculinidades. Assim, tentaremos interpretar o que mostram os signos físicos e corporais encontrados nas fotografias da época.

Sade e a dissolução das identidades no erotismo
Daniel Galantin (Graduando em História/bolsista CNPq)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Apesar de haver obras onde está ausente o conteúdo maldito pelo qual suas obras foram marcadas e conhecidas, em parte considerável do trabalho do Marquês de Sade podemos notar a afirmação de um erotismo extremo, aliado a movimentos que levam, em suas últimas conseqüências, à morte. Com esta apresentação pretendemos trazer algumas discussões acerca da sexualidade na obra do Marquês de Sade (neste caso nos limitaremos às obras “A filosofia na alcova” e “120 dias de Sodoma”), principalmente tendo em vista um diálogo com o que Georges Bataille preferiu tratar a partir do conceito mais amplo de erotismo. O erotismo é entendido enquanto dissolução das formas constituídas, abertura de um ser descontínuo para a continuidade, afirmação da superabundância da vida até na morte, indo além da sexualidade. Neste sentido o erotismo é eminentemente transgressor. Tendo como base esta leitura, procuramos mostrar a sexualidade que encontramos nas obras sadianas enquanto um elemento de dissolução das identidades estabelecidas e criação de identidades-máscaras que, antes se quererem estabelecidas, são parte de um jogo que se constitui enquanto derrisão das próprias identidades.

A filha única, o canto, o mar e o salmão: a tragédia de Aino no Kalevala
Vinicius Barth (Graduando em Letras UFPR , bolsista do CNPq)
QUINTA-FEIRA (26/11)

Concebido inicialmente como uma compilação de poemas finlandeses contidos dentro de uma mesma cultura e provenientes de uma grandiosa pesquisa de campo do acadêmico Elias Lönnrot - que fez depois a união e inserção de versos para “amarrar” o poema como um todo -, o épico Kalevala teve a sua versão definitiva publicada em 1849, contendo um total de 22.795 versos, e tornando-se símbolo da cultura romântico-nacionalista da Finlândia. Analiso neste trabalho o papel de Aino dentro do que é chamado o Primeiro Ciclo de Väinämöinen, especialmente nos runos III a V. Aino, prometida a Väinämöinen por Joukahainen em troca do salvamento de sua vida, evita o casamento infeliz com uma pessoa indesejada por meio do suicídio, contrariando a vontade da família e, obviamente, do futuro esposo. Por se tratar de uma personagem para a qual é dispensada grande atenção no início do poema, observarei as implicações de tal envolvimento no enredo e no papel do protagonista frente à tragédia e à moral.

Os Desejos da Nação: intersecções de gênero, raça e sexualidade no Brasil finissecular
Prof. Dr. Richard Miskolci (UFSCAR)
SEXTA-FEIRA (27/11)

O artigo reconstitui a rede de discursos políticos, científicos e literários que marcaram a configuração brasileira do dispositivo de sexualidade em fins do século XIX. De forma preliminar, também busca analisá-lo por meio de fontes teóricas dos Saberes Subalternos, a vertente culturalizada do marxismo -que originada a partir dos Estudos Culturais britânicos e enriquecida pela filosofia pós-estruturalista - gerou as correntes da Teoria Queer e dos Estudos Pós-Coloniais. Esta perspectiva busca lançar um novo olhar sobre a forma como, em nosso país,o desejo articulou a instituição do binário hetero-homossexualidade com a construção da identidade nacional identificando normas e convenções que marcaram o desenvolvimento de práticas discriminatórias voltadas para um ideal heteronormativo de nação.

Entre fêmea e macho: santas travestidas na Antigüidade
Prof. Dr. Pedro Ipiranga Júnior (DLLCV/UFPR)
SEXTA-FEIRA (27/11)

Em vários relatos cristãos sobre mártires e santas na Antigüidade, a figura da mulher é imaginada ou efetivamente travestida com roupas e traços masculinos. Essa passagem do gênero feminino para o gênero masculino é uma estratégia discursiva para permitir o acesso da mulher a funções, atividades e sentimentos antes vedados à condição feminina. Além disso, permite uma reflexão sobre o estatuto do gênero da mártir ou da santa que incursiona nos dois âmbitos, o que tem como resultado um gênero de vida que ultrapassa (ou mesmo transgride) as fronteiras de gênero, em que o páthos erótico não está ausente, chegando mesmo a dinamizar a constituição desse ‘transgênero’.

As relações entre os gêneros na Comédia Latina: o casamento como piada prototípica
Prof. Dr. Rodrigo Tadeu Gonçalves (DLLCV/UFPR)
SEXTA-FEIRA (27/11)

Grande parte dos enredos das comédias classificadas dentro do sub-gênero literário identificado como Comédia Nova gira em torno da instituição do casamento: enquanto os jovens apaixonados arquitetam enganos complexos auxiliados por seus escravos sagazes para conseguir desposar uma jovem (que pode ser virgem, escrava ou qualquer outra coisa que impeça o casamento oficial), seus pais, já casados, vivem o inferno da instituição do casamento. Esta comunicação pretende identificar o humor irônico decorrente da tensão dialética entre o desejo desenfreado dos jovens pelo final feliz que o casamento proporciona e a aversão dos velhos das comédias às matronas que já são suas esposas.

O gênero mais raro (?) na poesia brasileira contemporânea
Profª Ms. Sandra M. Stroparo (DLLCV/UFPR)
SEXTA-FEIRA (27/11)

Na produção poética contemporânea brasileira o número de mulheres autoras é significativamente menor que o de homens. Não gostaria de discutir se isso é significativo, mas justamente tratar de algumas dessas vozes e considerar certas características singulares – auto-declaradas ou não – dessas autoras: Adélia Prado, Cláudia Roquette-Pinto, Dora Ribeiro, Josely Vianna Baptista, Mariana Ianelli.

Caráter e Elocução no Priapo Fálico e no Priapo Hermafrodita
Prof. Dr. João Angelo Oliva Neto (USP)
SEXTA-FEIRA (27/11)

Embora mais sobejamente conhecida, a modalidade fálica, isto é, a ostensivamente masculina, não é a única possibilidade sexual de Priapo, pois que em alguns poemas da "Priapéia Grega" e em certas imagens antigas deparamos com o Priapo hermafrodita, ou seja, o Priapo bissexual. Diferem quanto a figuração, e retoricamente, quanto a caráter e elocução: o Priapo hermafrodita é belo e dulcíloquo; o Priapo fálico, que vingou na Priapéia Latina, e de lá em todo tempo e toda parte, é torpe e turpíloquo. O mesmo falicismo por que é mais notório é o que o constrange a ser deus menor, falastrão e risível.

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