Cursos
e Eventos
III
Simpósio Antigos e Modernos - UFPR: “Todos os sexos:
questões de gêneros”
Resumos: Índice
Resumos: Caderno de Resumos
Representações
de monstros, figuras humanas e deuses na Grécia
antiga
Prof.
Dr. Ezio Pellizer (Universidade de Trieste/Itália)
SEGUNDA-FEIRA (23/11)
Analisam-se alguns mecanismos
para descrever as estruturas básicas do universo,
e algumas figuras divinas - as imagem de deuses masculinos
e femininos - em termos de analogia com as formas
do corpo humano. Gigantismo, dimensões cósmicas,
distorções morfológicas, macrocosmo
e microcosmo. Posto que as civilizações
do Mediterrâneo antigo encontraram diferentes
respostas e soluções para o problema
de dar forma à idéia da divindade, com
representações muito diversificadas,
confrontam-se algumas diferentes concepções
de cosmo-teísmo (deus sive natura), como a
proibição de produzir imagens de divindades.
Minicurso:
História romana e cinema: uma reflexão
sobre gênero e sexualidade
Profª
Drª Lourdes Conde Feitosa (Universidade Sagrado
Coração- Bauru/SP)
Profª
Drª Renata Senna Garraffoni (DEHIS/UFPR)
Dias 24, 25, 26 (19h-21h)
Nas últimas décadas,
as inúmeras reflexões e debates a respeito
dos métodos e da escrita da História
propiciaram o desenvolvimento de novas propostas para
se interpretar a Antigüidade. A partir da prática
de questionar as idéias e as certezas, marca
de nosso tempo, da análise de construções
historiográficas e da influência das
discussões contemporâneas sobre as questões
de gênero e sexualidade no conhecimento da Antigüidade
Romana, a proposta deste curso é estender essas
reflexões para outras narrativas históricas,
em específico, projeções cinematográficas
que retratem o universo romano. A relação
entre presente-passado tem sido prática corrente
entre os pesquisadores interessados na análise
de filmes sobre outros momentos históricos.
Desde os anos de 1990, por exemplo, são fortes
as investigações cinematográficas
inspiradas nos ‘estudos culturais’, que
se preocupam em refletir sobre as concepções
apresentadas sobre o ‘feminino’, o “masculino”,
as representações de diferentes formas
de sexualidade, das minorias étnicas ou da
projeção de diversos grupos nas imagens.
Seguindo essa perspectiva, nesse curso refletiremos
a respeito da relação estabelecida entre
História e Cinema e de questões de gênero
e sexualidade, a partir da série Roma e do
documentário - Pompéia: o último
dia, confrontando as suas abordagens com documentos
arqueológicos da Pompéia romana.
TERÇA-FEIRA
(24/11)
Na autobiografia ficcional da
Vênus Hotentote, Barbara Chase-Riboud narra
a história de vida da africana Sarah Baartman,
capturada e levada para exposição em
circos, feiras e espetáculos de saltimbancos,
na Europa, nos inícios do século XIX.
Nesse longo texto, a escritora feminista expõe
os mecanismos científicos da racialização
do sexo, da sexualização dos corpos
e da violência sexual, física e simbólica
constitutivas tanto da colonização européia
em solo africano ou americano, quanto dos modos de
vida instaurados na Modernidade. À luz de Foucault
e das teorias feministas, focalizo a escrita de si
e do outro como espaço da crítica e
como prática da liberdade na constituição
da subjetividade.
TERÇA-FEIRA
(24/11)
O estudo procurará explorar
a análise da noção de prazer
desenvolvida por Aristóteles, especialmente
nas Éticas, na tentativa de compreender a conexão
entre esta noção e o valor ético
atribuído a ações e emoções.
Certamente Aristóteles não considera
que ações e emoções são
boas ou más unicamente em razão do prazer
que provocam. A questão, no entanto, é
saber em que medida e de que maneira a avaliação
de algo como prazeroso está associada à
avaliação de uma ação
ou comportamento como bom ou mau do ponto de vista
ético. Algumas distinções se
fazem notar no interior da análise aristotélica
e que deverão ser abordadas, entre elas a distinção
entre prazeres naturais e não naturais e a
distinção entre prazeres corporais e
não corporais. No estudo procuraremos investigar
se essas expressões tem um sentido eticamente
relevante e qual é ele.
TERÇA-FEIRA
(24/11)
Na história de Portugal,
pontuada por importantes eventos ligados à
chamada expansão ultramarina, um episódio
destaca-se duplamente, por sua natureza, já
que nada tem a ver com a saga marítima em que
esteve envolvido o país, e pela notoriedade
alcançada por seus protagonistas. Trata-se
do relacionamento entre o infante D. Pedro, posteriormente
Pedro I, e sua amante, Inês de Castro, cujo
assassinato, determinado por razões ainda hoje
obscuras, provocou uma violentíssima reação
de Pedro. Tal reação, seu posterior
empenho na construção dos túmulos-monumentos
no interior do mosteiro de Alcobaça –
em honra a Inês e ao amor vivido por eles –
e, finalmente, o grandioso traslado do corpo de Inês
de Coimbra para Alcobaça estão na base
da imagem de amantes perfeitos que vem envolvendo
esse par nos últimos 600 anos e faz dele um
tema literário que há muito ultrapassou
as fronteiras portuguesas. Curiosamente, na crônica
do reinado de Pedro, Fernão Lopes, o autor,
vai buscar em duas personagens da antiguidade, Dido
e Ariadne, os modelos para caracterizar o sentimento
do soberano por Inês. Nesta comunicação
apresentarei algumas hipóteses para tão
insólita identificação entre
o soberano português e aquelas amantes infelizes.
TERÇA-FEIRA
(24/11)
"Plotino, filósofo
de nosso tempo, parecia ter vergonha de estar em um
corpo". Essa frase, com a qual Porfírio
inicia sua Vida de Plotino poderia ser considerada
um emblema adequado não apenas do neoplatonismo,
mas de toda uma época, chamada por Dodds de
Idade da Ansiedade, na qual o sensível era
deixado de lado em favor das realidades inteligíveis,
o corpo era considerado um inimigo ou, na melhor das
hipóteses, um associado traiçoeiro,
e a sexualidade era vista como uma força desconhecida
e perigosa. Essa perspectiva costuma a ser comparada
com a contemporânea, que, por valorizar mais
o sensível, possuiría um conhecimento
mais e uma maneira mais adequada de lidar com tais
realidades. Nessa comunicação, pretendo
mostrar que tal idéia é demasiadamente
simplista ao analisar as visões plotinianas
do corpo e da sexualidade, que não são
desvalorizadas e ignoradas, mas sim colocadas em um
quadro mais amplo, no qual podem revelar sentidos
profundos.
Sexualidade
feminina e psicanálise
Fernanda
Nascimento Baptista (Mestranda em Filosofia da
Psicanálise PUC/PR)
TERÇA-FEIRA (24/11)
O interesse pelas questões
do feminino na teoria psicanalítica nos faz
remontar ao próprio surgimento da psicanálise,
já que foi amparado no estudo das histéricas
que Sigmund Freud inaugurou um novo saber sobre a
sexualidade infantil, sobre os processos inconscientes,
sobre as neuroses e, de uma forma mais ampliada, sobre
a civilização. Podemos dizer que foram
aquelas mulheres que colocaram em questão o
saber médico de Freud, permanecendo ao longo
de sua obra inquieto com uma indagação
que continua atual e traz sempre novas reflexões
para o avanço da psicanálise. Pretendo
com este trabalho fazer alguns apontamentos sobre
o surgimento da questão em torno do feminino
na psicanálise freudiana.
A Retórica
de Medéia – interseção
entre a tragédia de Eurípides e a epístola
de Ovídio
Geisa Mueller (Graduanda em Letras-UFPR)
TERÇA-FEIRA (24/11)
O trabalho pretende analisar
comparativamente os procedimentos retóricos
presentes nas falas da Medéia de Eurípides
e na carta escrita por Ovídio, em que Medéia
é remetente de uma missiva destinada a Jasão.
TERÇA-FEIRA
(24/11)
A proposta desse trabalho
se assenta nas questões seguintes: como o aspecto
o aspecto religioso é enfocado em obras romanescas
e qual sua função; como o discurso religioso
interfere na concepção do gênero
romanesco na Antiguidade. Na perspectiva de propor
um direcionamento para essas questões, vamos
utilizar como referencial para nossa análise
algumas concepções sobre o fenômeno
religioso que relevam de várias obras de Luciano
de Samósata, quer nos diálogos, quer
nas obras biográficas, quer nas narrativas
romanescas. Num tipo de relato biográfico,
assinado e em forma epistolar, a intenção
de Luciano é, de certo modo, promover uma mímesis
(no sentido aqui de uma refiguração
crítica) de relatos de bíoi, na qual
se encena a ação moral de uma figura
que, a exemplo de Peregrino, sincretiza ou justapõe
adesão filosófica e crença religiosa.
Enquanto em algumas obras luciânicas, a conversão
a uma corrente filosófica diz respeito a um
páthos no discurso, em obras cristãs
romanceadas, a encenação do páthos
da escolha religiosa está vinculada a um discurso
de caráter testemunhal e que versa, de uma
forma ou de outra, sobre prodígios. Dessa forma,
tratamos nesse trabalho de delinear a constituição
desse páthos do discurso em obras, pagãs
e cristãs, em que o aspecto religioso é
o traço direcionador e catalisador da narrativa.
Uma
imagem feminina nos Jogos Panatenaicos
Camilla
Miranda Martins (Graduanda em História/UFPR,
bolsista IC CNPq/PIBIC)
TERÇA-FEIRA
(24/11)
Na Grécia Antiga o vaso
panatenaico possuía a particularidade de ser
confeccionado para uma ocasião especial de
comemoração cívica, o Festival
das Panateneias. Por isso, tem uma estrutura figurativa
que permanece ao longo do tempo: em um lado observa-se
a imagem da deusa Atena Promachos e as inscrições
referentes à festa, e do outro uma temática
que varia conforme a competição retratada,
podendo ser uma cena de atletismo, hipismo, luta,
dentre outros. Sendo esses dois tipos de painéis
figurativos recorrentes, o objetivo nessa comunicação
é interpretar nas ânforas, do ponto de
vista social e cultural, a construção
da relação entre a imagem mítica
e feminina da deusa guerreira e a representação
não mítica de homens competindo. Por
fim, o período estudado abrange a época
entre 600 a.C. e 500 a.C.
Travestimento
em As tesmoforiantes e Assembleístas
ou o que faz de uma mulher uma mulher e de um homem,
um homem?
Profª
Drª Adriane Duarte (USP)
QUARTA-FEIRA
(25/11)
Propõe-se nesta conferência
uma leitura de duas cenas de travestimento encontradas
em comédias de Aristófanes, ambas situados
no prólogo de As tesmoforiantes e de As assembleístas,
esta última mais conhecida por Assembleia de
Mulheres. A partir da análise dessas passagens,
espero verificar quais são os elementos determinantes
para a construção da ideia de gênero
na Grécia Clássica, ou seja, o que,
para além das diferenças anatômicas,
faz de uma mulher uma mulher e de um homem, um homem.
Trata-se, sobretudo, de determinar a imagem projetada
por cada um dos sexos.
QUARTA-FEIRA
(25/11)
Neste trabalho estudo o tratamento
que Lucano dá ao encontro entre Júlio
César e Cleópatra no livro X de seu
poema épico. O narrador revela ali grande inquietação
com o modo como a egípcia se envolve num episódio
da história (masculina) de Roma. Procuro mostrar
como Cleópatra assume uma posição
dominante nessa passagem e explicar como esse poder
feminino é visto da perspectiva romana de Lucano.
Para tanto, apresento esse trecho da Guerra Civil
no contexto da tradição literária
que aborda as relações Roma-Egito, especialmente
no que se refere a Cleópatra. A atitude de
César no trecho acaba por alterar a visão
que o narrador tem do general. Discuto que implicações
isso tem para o poema como um todo. Nota-se que o
conflito entre diferentes modelos de feminilidade
e masculinidade encenado nessa passagem está
ligado às contradições internas
da voz narrativa na sua concepção do
papel que Roma deve ter como império.
Duas
honestas cortesãs do Renascimento Italiano: Interseções
da cultura humanista, da escrita de mulheres e da sexualidade
no século XVI
Profª
Drª Ana Paula Vosne Martins (DEHIS/Núcleo
de Estudos de Gênero/UFPR)
QUARTA-FEIRA
(25/11)
Esta apresentação
trata da produção escrita de duas cortesãs
italianas que viveram no século XVI, Tullia
D’Aragona e Verônica Franco, notáveis
não só por seus atrativos físicos
e pelos conhecimentos da arte de amar necessários
para o exercício da profissão de cortesã,
mas pela inserção de ambas nos círculos
da cultura humanista e pela produção
poética, epistolar e ensaística à
qual se dedicaram . O objetivo não é
somente defender a posição política
feminista de dar voz e tornar visíveis as mulheres
na História, mas sim contribuir para uma compreensão
mais plural do passado e interpelar a memória
histórica a partir de outras experiências,
algumas delas quase que desconhecidas, senão
mesmo ausentes desta memória. Neste sentido
se propõe uma análise do contexto no
qual viveram estas duas escritoras renascentistas;
das afinidades entre o mundo dos prazeres e do exercício
da sexualidade com a cultura humanista; e por fim
das interseções destas diferentes experiências
na produção escrita das duas famosas
cortesãs italianas.
QUARTA-FEIRA
(25/11)
Este texto explora a ‘biografia’
de Orlando, de Virginia Woolf, com o objetivo de analisar
as possibilidades de um corpo que não está
demarcado no interior das fronteiras do sistema sexo-gênero.
Orlando é apresentado como um jovem fidalgo
da corte isabelina que vive metade da sua vida como
homem e a outra metade como mulher. Para este diálogo
contemporâneo com a obra serão abordados
conceitos oriundos das obras de Michel Foucault, especialmente
sobre o dispositivo da sexualidade e as abordagens
sobre a invenção da homossexualidade.
Além das teorizações foucaultianas,
também serão realizados diálogos
com autores/as como Thomas Laqueur, sobre a criação
histórica do dimorfismo sexual e especialmente
com Judith Butler, a respeito da crítica ao
sistema corpo-sexo-gênero. Butler inspirada
por Foucault teoriza sobre os corpos que escapam aos
sistemas sexuais normativos denominados pela autora
de heteronormatividade. Desse modo, Orlando e outros
corpos que escapam aos sistemas estabelecidos pelo
dispositivo da sexualidade, em especial transexuais
e travestis, poderão ser tomados como corpos
que resistem aos sistemas normativos; corpos que produzem
outras formas de experiência em relação
aos sistemas produtores de subjetividades e que nos
traz possibilidades outras de entendimento sobre o
corpo e o sexo.
O
embate do feminino versus masculino no Apócrifo
Atos de Pedro – uma questão axiológica
da literatura cristã nascente
Prof.
Elias Santos do Paraizo Junior (CELIN/UFPR)
QUARTA-FEIRA (25/11)
Homem e mulher não se
rematam entre si, o homem está no supino e
a mulher ignóbil; a esta, devido à fraqueza,
restou-lhe a posição acessória
de granjear apoio do varão (após o século
IV da Era Cristã). Mas nem sempre foi assim.
Foi a Idade Média que assentou a altercação
entre os sexos no cerne da sua reflexão antropológica
e deu a categoria do feminino feitio de instrumento
conceitual; fruto da Antiguidade Tardia e reflexões
patrísticas são as diferenças
a favor do masculino na Cristandade. A constituição
do feminino, em conceito absorto, marcou o pensamento
do Ocidente; nossa herança. Entretanto, o feminino
nas primeiras comunidades cristãs era visto
de forma diferente, é o que tentaremos mostrar
em fragmentos do Atos de Pedro, uma ‘novela
cristã’, que circulou nos primeiros séculos
e que pretendia edificar, doutrinar e entreter; e
a sua interface com outros textos cristãos
antigos.
Entre
o amor e a guerra: a construção de cenários
passionais na Ciropedia
Vinicius
Barth (Graduando em Letras/UFPR /bolsista do CNPq)
QUARTA-FEIRA
(25/11)
A Ciropedia, texto biográfico
do quarto século a.C., apresenta aos seus leitores
diversas passagens de caráter ficcional, fazendo
com que o texto se aproxime do gênero romanesco
e se afaste do que seria chamado propriamente de um
texto historiográfico. É sabido que
Xenofonte se utiliza de inúmeros recursos retórico-persuasivos
de modo a atrair – ou convencer - o seu leitor
da Paidéia contida nesta obra. Assim, este
trabalho se propõe analisar as figuras dos
principais personagens da “Educação
de Ciro”, centrando-se , além do próprio
Ciro, também em Araspas e Panteia, e o modo
como tais inter-relações entre os personagens
afetam ou determinam as ações e o enredo
concernentes a cada um deles.
Crítica
Social ou/e Crítica Filosófica: Ambiguidade,
gênero e poder no Discurso luciânico
Priscila
Buse (Graduanda em Letras/UFPR/bolsista do CNPq)
Cassiana
Lopes Stephan (Graduanda em Filosofia/UFPR)
QUARTA-FEIRA
(25/11)
Tendo em vista a retomada da
tradição filosófica platônica
e também a crítica da filosofia e do
filósofo de seu tempo nas obras “Hermótimo”
e “Nigrino”, de autoria de Luciano de
Samósata, pretendemos neste artigo analisar
a constituição da ambigüidade do
discurso de Luciano e da construção
da figura masculina do filósofo, tanto no que
concerne a esse fazer filosófico, como em relação
a uma crítica social. Dessa forma, ao retomar
a tradição platônica, concernente
à constituição de um mundo idealizado,
ele também se utiliza da criação
de uma supra-realidade que dialoga com o presente
e propõe as suas mudanças na realidade
cotidiana. Assim, aparece em “Nigrino”
essa pólis idealizada que se constitui da mesma
maneira que o Hades luciânico, a partir de um
paradigma da tradição passada, mas que
é empregado de forma irônica aos ouvintes-leitores,
já que Luciano não deixa de zombar dos
filósofos, estabelecendo sempre uma crítica
ao modo de fazer filosófico.
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Através da análise
de alguns segmentos das Metamorfoses de Ovídio,
vamos estudar as práticas e o comportamento
amoroso de personagens masculinos e femininos, tendo
em vista o seu status social e político, sua
condição humana ou divina e a relação
entre os gêneros e suas representações
culturais e literárias. Procuraremos também
fazer um paralelo entre o código elegíaco
e as manifestações de desejo e afeto
na obra maior de Ovídio, visando a estabelecer
uma linha de continuidade na poética do autor.
Por fim, mostraremos como Ovídio, através
do entrelaçamento de várias histórias
de amor, produz uma representação da
sociedade romana, da qual não estão
afastados o medo, o pânico e a violência
que se dá inclusive em forma de espetáculo.
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Este trabalho aborda alguns
textos de Dalton Trevisan em que aparece de maneira
explícita um discurso erótico. Discurso
cujo espaço, para além daquele que lhe
é próprio, isto é, o texto, é
a cidade de Curitiba: ora referência espacial
atemporal (os encontros clandestinos no Passeio Público
ou na praça Tiradentes, por exemplo), ora carregada
da nostalgia de um tempo pretérito marcado
por um erotismo (os lupanares de polacas, os bares,
os hotéis).
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Na esteira dos diálogos
de Luciano, em Ciceronianos, Erasmo relata os sofrimentos
que acometem as vítimas de uma grave doença
: o ciceronianismo. Tal enfermidade , como mostra
o bem-humorado autor , caracteriza-se por sintomas
muito próximos aos que assolam um apaixonado,
cujo objeto de desejo parece cada vez mais inalcançável.
Erotizando a relação com a obra do orador
romano , os ciceronianos transformam Cícero
em musa, ou melhor , elegem a Eloqüência
como musa inspiradora e alvo de desejo . No entanto
, as conseqüências desse amor não
poderiam ser mais paradoxais : Cícero , o mais
eloqüente dos romanos , deixa mudos seus apaixonados
seguidores do século XVI., o que o torna causa
e remédio do mesmo mal.
QUINTA-FEIRA
(26/11)
A resposta à pergunta
“quem foi Corina?” sempre fascinou os
machadianos, que só muito recentemente têm
se perguntado “o que foi ‘Versos a Corina’?”
Tentando erigir um gesto crítico sobre o influxo
da presença clássica na consolidação
de uma Literatura Brasileira alvorejante, o presente
trabalho propõe investigar reminiscências
da tradução dos Amores, de Ovídio,
editada no Brasil em 1858 por José Feliciano
de Castilho, no poema “Versos a Corina”
de Machado de Assis.
Hipônax
e o Sexo
Prof.
Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior
(DLLCV/UFPR)
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Um dos temas mais recorrentes
na poesia jâmbica de Hipônax de Éfeso
é o sexo. Em vários fragmentos desse
autor aparecem termos obscenos e descrições
de atos sexuais. O objetivo desta comunicação
é apresentar e discutir esses fragmentos de
caráter sexual para tentar entender como Hipônax
caracteriza o sexo enquanto prática e enquanto
objeto de riso e escárnio.
Janelas
da hombridade: As masculinidades em Curitiba no início
do século XX vistas através das fotografias
Fernando
Botton (Graduando em História/UFPR/ bolsista
PET)
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Pretendemos comentar algumas
nuances do processo de modernização
brasileiro e sobre as transformações
nos modelos de masculinidade da época. A tese
aqui levantada é de que juntamente com o processo
de modernização emergiram novos modelos
de conceber e atuar a masculinidade. Para realizar
esta discussão nos utilizaremos de uma análise
pautada em fontes fotográficas. Isso nos permitirá
perceber que no início do século XX
houve uma transformação nos estilos
de masculinidades, junto das “novidades”
da modernização curitibana também
emergiram “novidades” nas masculinidades.
Assim, tentaremos interpretar o que mostram os signos
físicos e corporais encontrados nas fotografias
da época.
Sade e a dissolução
das identidades no erotismo
Daniel
Galantin (Graduando em História/bolsista
CNPq)
QUINTA-FEIRA (26/11)
Apesar de haver obras
onde está ausente o conteúdo maldito
pelo qual suas obras foram marcadas e conhecidas,
em parte considerável do trabalho do Marquês
de Sade podemos notar a afirmação de
um erotismo extremo, aliado a movimentos que levam,
em suas últimas conseqüências, à
morte. Com esta apresentação pretendemos
trazer algumas discussões acerca da sexualidade
na obra do Marquês de Sade (neste caso nos limitaremos
às obras “A filosofia na alcova”
e “120 dias de Sodoma”), principalmente
tendo em vista um diálogo com o que Georges
Bataille preferiu tratar a partir do conceito mais
amplo de erotismo. O erotismo é entendido enquanto
dissolução das formas constituídas,
abertura de um ser descontínuo para a continuidade,
afirmação da superabundância da
vida até na morte, indo além da sexualidade.
Neste sentido o erotismo é eminentemente transgressor.
Tendo como base esta leitura, procuramos mostrar a
sexualidade que encontramos nas obras sadianas enquanto
um elemento de dissolução das identidades
estabelecidas e criação de identidades-máscaras
que, antes se quererem estabelecidas, são parte
de um jogo que se constitui enquanto derrisão
das próprias identidades.
A
filha única, o canto, o mar e o salmão:
a tragédia de Aino no Kalevala
Vinicius
Barth (Graduando em Letras UFPR , bolsista do CNPq)
QUINTA-FEIRA
(26/11)
Concebido inicialmente
como uma compilação de poemas finlandeses
contidos dentro de uma mesma cultura e provenientes
de uma grandiosa pesquisa de campo do acadêmico
Elias Lönnrot - que fez depois a união
e inserção de versos para “amarrar”
o poema como um todo -, o épico Kalevala teve
a sua versão definitiva publicada em 1849,
contendo um total de 22.795 versos, e tornando-se
símbolo da cultura romântico-nacionalista
da Finlândia. Analiso neste trabalho o papel
de Aino dentro do que é chamado o Primeiro
Ciclo de Väinämöinen, especialmente
nos runos III a V. Aino, prometida a Väinämöinen
por Joukahainen em troca do salvamento de sua vida,
evita o casamento infeliz com uma pessoa indesejada
por meio do suicídio, contrariando a vontade
da família e, obviamente, do futuro esposo.
Por se tratar de uma personagem para a qual é
dispensada grande atenção no início
do poema, observarei as implicações
de tal envolvimento no enredo e no papel do protagonista
frente à tragédia e à moral.
SEXTA-FEIRA
(27/11)
O artigo reconstitui a rede
de discursos políticos, científicos
e literários que marcaram a configuração
brasileira do dispositivo de sexualidade em fins do
século XIX. De forma preliminar, também
busca analisá-lo por meio de fontes teóricas
dos Saberes Subalternos, a vertente culturalizada
do marxismo -que originada a partir dos Estudos Culturais
britânicos e enriquecida pela filosofia pós-estruturalista
- gerou as correntes da Teoria Queer e dos Estudos
Pós-Coloniais. Esta perspectiva busca lançar
um novo olhar sobre a forma como, em nosso país,o
desejo articulou a instituição do binário
hetero-homossexualidade com a construção
da identidade nacional identificando normas e convenções
que marcaram o desenvolvimento de práticas
discriminatórias voltadas para um ideal heteronormativo
de nação.
SEXTA-FEIRA
(27/11)
Em vários relatos cristãos
sobre mártires e santas na Antigüidade,
a figura da mulher é imaginada ou efetivamente
travestida com roupas e traços masculinos.
Essa passagem do gênero feminino para o gênero
masculino é uma estratégia discursiva
para permitir o acesso da mulher a funções,
atividades e sentimentos antes vedados à condição
feminina. Além disso, permite uma reflexão
sobre o estatuto do gênero da mártir
ou da santa que incursiona nos dois âmbitos,
o que tem como resultado um gênero de vida que
ultrapassa (ou mesmo transgride) as fronteiras de
gênero, em que o páthos erótico
não está ausente, chegando mesmo a dinamizar
a constituição desse ‘transgênero’.
SEXTA-FEIRA
(27/11)
Grande parte dos enredos das
comédias classificadas dentro do sub-gênero
literário identificado como Comédia
Nova gira em torno da instituição do
casamento: enquanto os jovens apaixonados arquitetam
enganos complexos auxiliados por seus escravos sagazes
para conseguir desposar uma jovem (que pode ser virgem,
escrava ou qualquer outra coisa que impeça
o casamento oficial), seus pais, já casados,
vivem o inferno da instituição do casamento.
Esta comunicação pretende identificar
o humor irônico decorrente da tensão
dialética entre o desejo desenfreado dos jovens
pelo final feliz que o casamento proporciona e a aversão
dos velhos das comédias às matronas
que já são suas esposas.
SEXTA-FEIRA
(27/11)
Na produção poética
contemporânea brasileira o número de
mulheres autoras é significativamente menor
que o de homens. Não gostaria de discutir se
isso é significativo, mas justamente tratar
de algumas dessas vozes e considerar certas características
singulares – auto-declaradas ou não –
dessas autoras: Adélia Prado, Cláudia
Roquette-Pinto, Dora Ribeiro, Josely Vianna Baptista,
Mariana Ianelli.
SEXTA-FEIRA
(27/11)
Embora mais sobejamente
conhecida, a modalidade fálica, isto é,
a ostensivamente masculina, não é a
única possibilidade sexual de Priapo, pois
que em alguns poemas da "Priapéia
Grega" e em certas imagens antigas deparamos
com o Priapo hermafrodita, ou seja, o Priapo bissexual.
Diferem quanto a figuração, e retoricamente,
quanto a caráter e elocução:
o Priapo hermafrodita é belo e dulcíloquo;
o Priapo fálico, que vingou na Priapéia
Latina, e de lá em todo tempo e toda parte,
é torpe e turpíloquo. O mesmo falicismo
por que é mais notório é o que
o constrange a ser deus menor, falastrão e
risível.
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